O pulmão é muito mais do que o órgão responsável pela respiração. Ele é essencial para a manutenção da vida e atua em diversos processos fisiológicos que vão muito além da simples troca de gases. Todos os dias, um ser humano realiza cerca de 20 mil respirações, o que representa mais de 7 milhões de ciclos respiratórios por ano — um trabalho contínuo que mantém o corpo em equilíbrio e em funcionamento.
Função principal: as trocas gasosas
A principal função do pulmão é realizar as trocas gasosas entre o oxigênio (O₂) e o dióxido de carbono (CO₂).
Durante a inspiração, o ar entra pelos brônquios e chega aos alvéolos pulmonares — pequenas estruturas que somam uma área de cerca de 70 a 100 m², o equivalente a uma quadra de tênis.
É nesse espaço microscópico que o oxigênio é absorvido para o sangue e o dióxido de carbono é eliminado.
O equilíbrio dessas trocas é vital: sem oxigênio suficiente, as células não produzem energia; com excesso de CO₂, o corpo entra em desequilíbrio ácido-base.
Filtração e defesa
Além da função respiratória, o pulmão também atua como um filtro biológico.
O ar inspirado contém partículas, poluentes e microrganismos, que são retidos pelo epitélio ciliado e pelo muco das vias aéreas.
Essas estruturas funcionam como uma barreira de defesa, removendo impurezas antes que cheguem aos alvéolos.
Esse mecanismo de limpeza é essencial para a proteção do sistema respiratório e explica por que doenças que prejudicam os cílios, como o tabagismo ou infecções crônicas, comprometem a função pulmonar.
Regulação do equilíbrio ácido-base
Os pulmões são parte fundamental no controle do pH sanguíneo.
Ao eliminar o dióxido de carbono produzido pelo metabolismo, eles ajudam a manter o pH dentro de valores normais (entre 7,35 e 7,45).
Pequenas variações nesse equilíbrio podem interferir em processos enzimáticos, cardíacos e neurológicos, evidenciando o papel vital da respiração na homeostase do organismo.
Produção de substâncias bioativas
Pouco conhecida fora do meio médico, a função metabólica do pulmão também é de grande importância.
O endotélio pulmonar é responsável pela conversão da angiotensina I em angiotensina II por meio da enzima conversora de angiotensina (ECA), etapa fundamental na regulação da pressão arterial.
Além disso, o pulmão também sintetiza surfactante pulmonar, uma substância que reduz a tensão superficial dos alvéolos, impedindo seu colabamento durante a expiração e garantindo trocas gasosas eficientes.
Participação na fala e na voz
O ar que sai dos pulmões é o combustível que permite a produção da voz.
Durante a expiração, o fluxo de ar passa pelas cordas vocais localizadas na laringe, fazendo-as vibrar e gerar som.
Portanto, alterações pulmonares que reduzem o volume expiratório — como na DPOC ou fibrose pulmonar — podem impactar diretamente a capacidade vocal e até o tom da voz.
Conclusão
O pulmão é um órgão multifuncional, essencial não apenas para a respiração, mas para o funcionamento harmonioso de todo o corpo.
Ele filtra, regula, protege, participa da fala e mantém o equilíbrio químico que sustenta a vida.
Cuidar da saúde pulmonar é garantir energia, vitalidade e longevidade.
Exercitar-se, evitar o tabagismo e realizar check-ups respiratórios são atitudes simples que preservam a eficiência desse órgão extraordinário.
Referências Bibliográficas
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